segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Estremoz

A antiga aldeia Guajirú e a primeira vila do RN

REGIÃO DO MATO GRANDE

A "nova" igreja de de São Miguel do Guajirú, na vila de Estremoz.

Uma coisa é certa: todo mundo escreve “Extremoz” com “x”, configurando um erro grave quando se trata da cidade norte-riograndense, vizinha a capital do Rio Grande do Norte. Na verdade, o nome da cidade deveria ser com “s”, de Estremoz, cidade em Portugal, na freguesia de Santa Maria, Distrito de Évora.

Estremoz está localizada a 23 km de Natal, onde vive cerca de 20 mil pessoas. A economia está voltada para o turismo, incrementada pelas belezas das praias de Pitangui, Barra do Rio, Jenipabú, Redinha Nova, Santa Rita e Grassandú. A Lagoa de Estremoz oferece água de qualidade e é adequada para a prática de esportes náuticos.

O nome foi dado por causa de uma antiga Lei portuguesa que obrigava aos colonizadores e donatários das Capitanias Hereditárias colocarem o nome das novas terras em homenagem aos lugares em Portugal. Junto com os colonizadores portugueses, chegaram os padres jesuítas quem primeiro fez contato com os índios potiguares.

De acordo com o mestre Câmara Cascudo, o lugar era conhecido pelos os índios Tupis e Paiacus como Guajirú, de gua-iari, o que tem cachos ou frutos em penca, ajuru, ariu, aberu, guajuru, fruta rústica e vulgar, que hoje não existe mais. Os jesuítas colocaram o nome de “São Miguel do Guajirú”, antes de serem expulsos pelos holandeses.

A presença da missão jesuíta na localidade de Guajirú ocorreu no período de 1603 a 1758. A terra foi concedida pelo governo português, através do capitão-mor Jerônimo de Albuquerque, que através dos padres, educaram os índios Tupis, Potiguares e Paiacus.

A matança dos índios e a expulsão dos jesuítas
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O massacre dos índios marcou profundamente a vida da antiga aldeia.

Em 1689, os colonizadores portugueses promoveram uma matança de índios e o famoso bandeirante Domingos Jorge Velho esteve presente e ordenou o sacrifício de 2.063 “selvagens”. Os jesuítas protestaram e começou o processo de sua expulsão.

Em 1758, o desembargador Bernardo Coelho fundava no lugar a nova Vila de Estremoz, a primeira vila do Rio Grande do Norte. Os holandeses, quando invadiram e ocuparam o Rio Grande do Norte, visitavam com freqüência a área, e até pensaram em dividir a lagoa de Tijuru (primeiro nome da Lagoa de Estremoz).

A lagoa também guarda suas lendas e crendices populares como a lenda da “Serpente Adormecida” e a do “Canto do Sino”. As ruínas da antiga Vila de Alentejo, nome dado à Vila Antiga de Estremoz, representa um marco na história do Estado. Na culinária, o destaque é o famoso “grude de Estremoz”, conhecida comida típica dos índios que virou tradição na cidade.

Em 1855, a sede da vila foi transferida para o povoado de Boca da Mata, tornando-se Vila de Ceará Mirim. Estremoz permaneceu sendo povoado por mais de 100, quando desmembrou-se de Ceará Mirim para se tornar um município. Até hoje, a cidade continua com ares de cidadezinha do interior potiguar.

Ruínas da igreja jesuíta,
um marco dos dias de glória de Estremoz

A antiga igreja jesuíta foi completamente destruída. Só restou as ruínas, que continuam sem ter o devido tratamento pelo Poder Público.

Qualquer pessoa que tenha compromisso com a história vai lamentar o descaso e o abandono que foi relegada, pelo Poder Público e pela Igreja, as ruínas da antiga igreja jesuíta de Estremoz, uma das mais importantes obras da arquitetura colonial no Rio Grande do Norte.

Entre os primeiros jesuítas enviados para a “Missão” estava o padre Gaspar de Sampéres, arquiteto que projetou o forte dos Reis Magos e a igreja de São Miguel do Guajiru. Atualmente, somente as ruínas são testemunhas da grande importância que a catequese jesuíta teve, com as suas missões, para o período de colonização portuguesa brasileira, especialmente em Estremoz, na capitania do Rio Grande do Norte.

Na sua imponência, a igreja jesuíta podia ser considerada como a mais bela igreja colonial do Estado. Segundo o historiador da cultura potiguar, Câmara Cascudo, que passou 10 dias visitando as ruínas, as paredes tinham 80 centímetros, resistiam como muralhas estendendo-se em 30 metros de comprimento, 20 metros a nave, quatro metros a capela-mor e seis metros a sacristia.

A arquitetura da Igreja obedecia a um estilo barroco que se convencionou chamar de jesuítico. Tinha altura de 16 metros e largura de 13 metros e meio. As paredes não tinham alicerces. Mergulhavam 1,80 metro pela terra abaixo, e se alinhavam, diretas e soberbas, como vindo das profundezas. Os blocos de pedras, com sinais de ostra indicavam que tinham vindo do litoral.

“Toda a igreja era um primor de pedras trabalhadas, obras de canteiros portugueses, pedra-lioz, granulação fina, cinzenta, clara e branca. Ombreiras, limiar, arcos, revestimentos, tudo provinha de Lisboa, pronto, medido, previsto, calculado”, relata Cascudo. A cruz que presidia a crimalha do frontão é o atual cruzeiro. As três portas da velha igreja, especialmente a principal, eram de pau d'arco e as janelas, adaptadas, são hoje as portas da igreja nova.

A Lagoa de Estremoz

A lagoa de Estremoz oferece lazer e beleza, além de ser uma fonte para a economia do município.

Com suas lendas e histórias, a lagoa tem um grande potencial a ser explorado e isso poderá acontecer, nos próximos anos, quando ficar constatado que há outras opções, além do turismo de sol e mar.

Atualmente, quem desfruta da lagoa são centenas de famílias, proprietárias de granjas ao seu redor, com belas e confortáveis casas que, no futuro, poderiam ser aproveitadas para receber o turista.

O manancial da lagoa de Estremoz é imenso e é responsável pelo abastecimento d'água de toda a Zona Norte de Natal. A água, de boa qualidade, foi o fator principal para a instalação de uma fábrica de cerveja no Estado.

O famoso "trem do grude", ligando Natal a Estremoz.

O "menino do grude" é um dos símbolos da gastronomia indígena da antiga aldeia de Guajirú.

A vila e a antiga Igreja de São Miguel do Guajirú.

Arte feita com as areias coloridas de Jenipabu.

Passeio de buggy pelas praias de Estremoz e a travessia do rio Ceará Mirim.

Praia de Jenibapu, uma das mais famosas praias do litoral potiguar.

5 comentários:

Luís disse...

Sou de Estremoz mas em Portugal, Foi com muito prazer que aprendi um pouco de história sobre Estremoz no Brasil, felizmente quando visitei Natal em 2003 e ao me aperceber da existência de uma cidade com o nome de Extremoz me desloquei lá a para fazer uma visita e reparar se havia semelhanças. Constatei que no seu post faz um reparo a Estremoz se escrever com (s) e não com (x) como se escreve na Estremoz de Portugal, sei que em tempos também por aqui se escrevia com um (x) mais tarde passou a escrever se com um (s) ainda existia em tempos uma placa de indicação de direcções de estradas numa localidade vizinha onde Estremoz contava escrito com (x). Será por esse o motivo que se escreve com (x) ai no Brasil pelo facto de anteriormente também se escrever com (x) em Portugal?
Foi um prazer aqui lhe deixo um abraço e felicita-lo pelo seu blogue

Luís
Estremoz
Portugal

Anônimo disse...

sou de uma aldeia a 5km de Estremoz alentejo e fiquei surpreendido com o seu blog , gostei continue.

DOMINGOS SÁVIO disse...

Prezado Amigo, Alex.
Tudo bom. Gostei do seu material sobre Extremoz. Estou fazendo uma pesquisa sobre o municipio e já encontrei muitas coisas. Gostaria de manter contato com vossa senhoria.
Domingos Sávio
Prefeitura de Extremoz

americo disse...

olá me chamo américo, sou aluno do curso de história pela UERN, moro em pitangui e pretendo fazer meu trabalho de conclusão do curso sobre a história de estremoz, porém me falta material para pesquisa. gostaria de saber com faço para obter material sobre a historia da cidade. desde ja obrigado e parabens pelo trabalho. (americodja@hotmai.com)

Anônimo disse...

Olá moro em Genipabu, adorei seu blog, gostaria de saber se você disponibiliza esse material sobre a cidade de Estremoz?
Obrigada.
Parabéns pelo seu trabalho!

(izabella_nascimento@yahoo.com.br)