domingo, 19 de outubro de 2008

Janduís

Da terra dos Janduís
aos caminhos de São Bento do Bofete


REGIÃO OESTE

Vista aérea do centro urbano de Janduís.

Naqueles sertões, quem passa serelepe pela estrada em direção à Serra do Lima percebe a brisa catingueira trazendo todos os aromas da terra dos índios janduís, da nação Tarairiú, extintos depois de vários combates em defesa do seu habitat.

Situada na ribeira do Riacho dos Sacos, a cidade é encravada estrategicamente no cruzamento de vários caminhos entre o sertão do Rio Grande do Norte, da Paraíba e do Ceará, sendo núcleo convergente entre várias fazendas e os grandes centros urbanos.

É verdade que o município de Janduís não possui grandes monumentos ou lugares famosos para o turista visitar. Porém, o incentivo às manifestações culturais deu ao seu povo um talento inato para as artes, como se a identidade dos janduienses estivesse sempre ligada as suas tradições e seus costumes, sem intervenção externa.

Um dos grandes alumbramentos culturais da cidade fica por conta da Companhia Cultural Ciranduís e seu teatro mágico pelas ruas do município.

Desde cedo, o pequeno jaduiense aprende que durante a colonização do sertão, existia na região uma confederação de tribos indígenas, hostis à Coroa portuguesa.

Entre as nações indígenas, uma das mais destemidas era a dos Janduís, cuja denominação deriva do tupi “nhandu-í-a”, uma corruptela para “a ema pequena”. A ema seria o totem da tribo. Depois que os índios foram dizimados, surgiu o Sítio São Bento.

Conforme o historiador Luiz da Câmara Cascudo, em seu livro Nomes da Terra (editora Sebo Vermelho, 2002. Natal RN), a localidade ficou por muito tempo conhecida como São Bento do Bofete.

O nome do lugar deve-se ao fato de que, as feiras ali realizadas, sempre terminavam em tumultos, havendo uma farta distribuição de tabefes, pontapés e bofetões.

A fundação da povoação é atribuída a Canuto Gurgel do Amaral, dono da maior parte das terras, que fez doação de um terreno foreiro para o padroeiro, tentando desenvolver a comunidade.

Em 1938, a localidade passou a ser distrito de Caraúbas com o nome de Getúlio Vargas, mudando em 1943 para Janduís, em homenagem aos índios pioneiros da região.

Lendas do sertão e o turismo histórico
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Igreja de Santa Terezinha, padroeira do município.

Numa terra seca, castigada por longas estiagens, distante 286 quilômetros de Natal, o município de Janduís está situado na região do Médio-Oeste, sertão do Rio Grande do Norte, às margens do pequeno rio “Adquinhon” ou “Rio das Croas”.

O município sofre com o calor nesses tempos de verão por causa do terreno baixo, situado entre as partes altas do Planalto da Borborema e da Chapada do Apodi.

Por que é necessário redescobrir a história que, recentemente, um grupo de estudantes encontrou inscrições rupestres na localidade conhecida como “Pedra da Biluqueza”, um forte atrativo para a exploração de um turismo de conhecimento e ecológico.

Do imaginário popular nasce as lendas da “Oiticica do Bode”, no caminho da cacimba que abastecia a cidade; e do “Serrote da Negra”, que conta a história de uma antiga escrava que morava numa Casa de Pedras e se transformou em serpente.

A noite em Janduís fica mais curta e mal-assombrada. Janelas e portas das casas mais humildes se fecham mais cedo para ouvir as histórias de Lázaro de Liuliu, um artista dedicado a fervilhar a cultura janduiense n’alma dos ouvintes, no recanto chamado “Canteiro das Artes”, aonde os pássaros e bichos talhados em madeira chegam para interromper a monotonia sertaneja, resgatando antigas brincadeiras de criança.

Em outubro, Janduís se adorna para celebrar sua padroeira, Santa Terezinha, quando a solidão das ruas e o ermo dos becos são quebrados pelas ladainhas dos devotos que acompanham o andor, arrastando a Santa até o altar.

Da Casa Grande da Fazenda São Bento, é possível ouvir o badalar do sino da matriz, avançando sobre os telhados da cidade e anunciando um sertão de lembranças.

Companhia teatral Ciranduis em atuação.

Casa mais antiga da cidade.

Entrada princilpal da cidade. Visão da torre da igreja.

Casa Grande da Fazenda São Bento, de Canuto Gurgel do Amaral, fundador da cidade.

Mercado Público Municipal.

Vista parcial de Janduís, vista da torre da igreja.

3 comentários:

K. Lira disse...

Essa é minha terra amada!!

xD

Prof. Raimundo Nonato disse...

Belissimo trabalho. Parabéns a este Blog.

Prof. Raimundo Nonato disse...

Ainda bem que existem pessoas dispostas a não permitirem que o passado seja sepultado!
Belíssimo trabalho.
Parabéns!