sábado, 18 de outubro de 2008

Santa Cruz

O estouro da barragem e a fé na cruz santa do Inharé
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REGIÃO DO TRAÍRI
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Igreja de Santa Rita de Cássia.
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Uma das principais cidades da Região do Traíri, Santa Cruz do Inharé é um município próspero, onde abriga 30 mil habitantes na zona rural e urbana. Aos sábados, a feira-livre, a maior da região, atrai milhares de pessoas das cidades circunvizinhas, transformando a livre negociação das mercadorias no ponto forte do comércio local.

Cortada pela BR 226, a cidade de Santa Cruz está localizada a 120 km de Natal, contando com um clima semi-árido durante a maior parte do ano. Porém, no mês de junho, as festas juninas esquentam o frio aconchegante que é soprado da Serra do Doutor, obrigando as pessoas a usarem casacos durante a noite.

Sob as bênçãos de Santa Rita de Cássia, o povo pacato santa-cruzense conta sua história através de acontecimentos marcantes. As cenas da tragédia do dia 1º de abril de 1981, que desabrigou cinco mil pessoas e deixou o Estado do RN sem luz e água por cinco dias, ainda permanece na memória dos moradores do município.

Foram momentos de agonia que marcou as vidas dos cidadãos e fez heroína uma telefonista: Maria de Fátima da Silva, que fez contatos com o prefeito da época, Hildebrando Teixeira, para esvaziar a cidade antes do rompimento da barragem de Campo Redondo, distante 25 km de Santa Cruz, salvando milhares de pessoas.

Apesar de ser o dia 1º de abril, conhecido como o dia nacional da mentira, o alerta da telefonista deu resultado e carros de som anunciaram a ameaça da enchente. Os moradores deixaram para trás suas casas e foram abrigados em prédios públicos ou regiões altas da cidade. Dentro de três horas a enxurrada das águas devastaria a cidade.

Conhecida como a maior tragédia natural do Estado, a enxurrada de Santa Cruz contabilizou seis mortes e 1.044 casas destruídas. A correnteza das águas percorreu ainda cerca de 80 km (equivalente a distância entre Natal e Tangará) e atingiu outros quatro municípios.

Com 14 torres da rede de energia da Chesf derrubados, o Rio Grande do Norte permaneceu uma semana às escuras. Em Natal, o único hospital com gerador na época era o Walfredo Gurgel. Supermercados fechavam mais cedo com medo de assaltos. Sem energia, o bombeamento para abastecimento de água também foi comprometido.

O então governador Lavoisier Maia decretou estado de calamidade pública em toda a região do Trairi e levou fotos da tragédia ao presidente da República, João Figueiredo. O ministro do Interior na época, Mário Andreazza confidenciou ao prefeito de Santa Cruz só ter visto cena igual em guerra.

Com a solidariedade de todos e as bênçãos de Santa Rita de Cássia, um grande mutirão envolveu as instituições públicas e privadas, ONGs, voluntários, igreja e as próprias vítimas. As três esferas do poder executivo esqueceram diferenças partidárias e também se uniram para reconstruir a cidade. As doações chegavam de todas as regiões do Brasil.
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A maior estátua da América Latina
-Complexo Turístico de Santa Rita de Cássia

Em maio, a cidade de Santa Cruz celebra sua padroeira, Santa Rita de Cássia. Este ano, os fiéis e os devotos da santa tiveram um motivo a mais para festejar. No alto do Monte Carmelo, conhecido como Monte do Cruzeiro, está sendo construída uma estátua da santa padroeira, com a pretensão de se tornar a maior estátua religiosa da América Latina.

A idéia surgiu há dois anos durante uma conversa entre o padre Aerton Sales e o prefeito Tomba. De acordo com o padre, o lugar já é devocional, pois no topo do Monte Carmelo existe um cruzeiro e, no caminho, há uma estrutura de via-sacra. “Já era desejo do poder público construir algo no monte, que embelezasse a cidade. Tendo em vista, a forte de devoção do povo à Santa Rita, resolvemos construir essa imagem”, explica o pároco.

No momento, a estátua está sendo construída dentro de um imenso galpão, no bairro Paraíso, em Santa Cruz, sob a coordenação do arquiteto, escultor e professor da Universidade Federal da Paraíba, Alexandre Azedo. Foi ele quem projetou a imagem do Frei Damião, em Guarabira (PB), com 22 metros. O pai dele, Armando Lacerda, foi o escultor da imagem do Padre Cícero, em Juazeiro (CE), que mede 27 metros de altura, inaugurada em 1969.

Quando pronta, a imagem de Santa Rita terá 42 metros de altura, acrescidos 3 metros do pedestal e 8 metros do resplendor, somando 53 metros, o que equivale a um edifício de 19 andares. Será, portanto, a maior estátua da América Latina. A do Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, mede 38 metros de altura.

Em Santa Cruz, a edificação da estátua fará parte do “Complexo Turístico-religioso Alto de Santa Rita”. Além da imagem, farão parte do Complexo uma praça, estacionamento, restaurante, mirante, banheiros, duas capelas, um espaço para guardar ex-votos, uma sala onde ficará o memorial sobre a vida da santa e da própria construção do Complexo.

Conforme o padre, no caminho de acesso ao Alto de Santa Rita também serão colocadas as estações da Via-sacra. A construção do Complexo custará mais de quatro milhões de reais. Enquanto não fica pronta a imagem, uma maquete do Complexo está sendo exposta, na Igreja Matriz, para visitação dos fiéis e curiosos.
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Major Teodorico Bezerra, o Imperador do Sertão

Falecido em 04 de setembro de 1994, aos 93 anos, o Major Teodorico Bezerra foi um dos mais importantes líderes políticos do sertão potiguar durante muito tempo, foi deputado federal e presidente do PSD. Gostava de se hospedar no Grande Hotel, em Natal, porém passava a maior parte do tempo na Fazenda Irapuru, no município de Tangará.

Era dono dos veículos de comunicação rádio Trairy e Jornal do Comércio, a primeira funcionando no Grande Ponto (esquina da Praça Kennedy) e o jornal na Ribeira, esquina com o hotel. Na rádio só fazia uma exigência: que a programação fosse aberta, apresentando o canto de pássaros (havia um LP especial que gorjeava diariamente durante meia hora) e no jornal a cobertura aos amigos e correligionários pessedistas.

Um dos maiores coronéis da política potiguar, Teodorico Bezerra ainda deixou grande parte da vida gravada em filme, através do vídeo “Teodorico, o Imperador do Sertão”, produção do Globo Repórter de 1978, com a duração de 48 minutos. Há também os livros contando parte de sua história: “Resgate da memória política”, de João Batista Machado e “Dicionário Político do RN Contemporâneo”, de François Silvestre.

O documentário foi dirigido pelo cineasta Eduardo Coutinho. Todo narrado pelo próprio coronel Teodorico Bezerra, o filme é uma espécie de auto retrato da elite nordestina, com seus cacoetes ingênuos de poder e suas manias de grandeza. O coronel Teodorico Bezerra conta suas manias, seus jogos de poder, seus modos de controle.

Autoritário, o Major Teodorico mostra com orgulho suas ferramentas de controle econômico e político, disserta sobre a importância do voto de cabresto, revela jogadas políticas para melhorar as condições de suas terras. Nas poucas entrevistas com trabalhadores rurais, o Major pergunta: “Você acha que existe lugar melhor para se viver do que aqui?” O empregado responde, "Não, claro que não coroné". -

Um causo do Major Teodorico -

Monte Carmelo.

O Major Teodorico Bezerra não poupava esforços para levar benefícios para Santa Cruz do Inharé, um dos municípios de sua base eleitoral.

Ao tomar conhecimento que Nova Cruz ganharia uma agência da Empresa de Correios e Telégrafos (ECT), foi à editora do Diário Oficial e mandou alterar a ordem de serviço:
- Troque Nova por Santa.

Santa Cruz ficou com o posto dos Correios.

Anos mais tarde, ao ser questionado por um adversário sobre esse episódio, Teodorico desconversou:

- Sou um homem de 75 anos, de modo que só lembro as coisas que aconteceram das seis horas da manhã para cá.

Praça Tequnha Farias, centro da cidade. -

Vista parcial de Santa Cruz do Inharé.

Panorâmica da cidade vista do alto do Monte Carmelo.

Visão parcial da cidade vista da torre da igreja.

Vila de Todos, barzinhos e artesanato.

As casas mais antigas da cidade.

5 comentários:

Louri Minora disse...

Muito legal o seu blog, mas senti falta de Pendências e Carnaubais, porém acredito que um dia você possa nos dar essas informações tão boas.
Um abraço.
Lourivan Batista

Anônimo disse...

Parabéns pelo Blog, estava procurando notícias sobre minha cidade, e fiquei surpreso o quanto Santa Cruz cresceu nesses últimos anos. Sou Santacruzense, mas moro em Salamanca (Espanha) a 4 anos, muitas saudades da minha terrinha.
Abraços

Maju disse...

Obrigada Alex, havia navegado horas pela net procurando informacoes sobre Santa Cruz (e demais municipios potiguares, onde havera concurso publico)quando deparei-me com seus blogs! Confesso:repassei todos e estou satisfeita com o resultado! Decisao: vou pra ' la tierra da Santa Cruz' e q seja o q Deus quiser!Se tiver tempo e quiser me adicionar, adoraria saber mais sobre essa terra: marialoenina@hotmail.com
Grande abraco e parabens pelo trabalho lindo que fazes, divulgando em palavras e imagens, sua cidade, seu estado! Bj Maria Julia Macagnan - Ijui, RS, terra dos pampas, na outra ponta do mapa do Brasil!

Unknown disse...

Alex, meu nome é Rodrigo Cardoso da Silva , sou estudante universitário, do curso de turismo na UFRN, eu estou desenvolvendo um projeto para elencar os monumentos Culturais que contem a historia da cidade de Santa Cruz, se possível você poderia me indicar alguns livros que possam me ajudar com o passado dessa cidade.

Respeitosamente.

Anônimo disse...

Olá! Meu nome é Márcia e estou a procura de pessoas com o sobrenome Lira que moram ou já moraram em Santa Cruz do Inharé. Sou do Estado do Acre, porém meu pai era do Rio Grande do Norte e eu acho que era da cidade de Santa Cruz do Inharé. Sei que ele veio para o norte aos 15 anos junto com sua família (pai,mãe e irmão)fugindo da seca. Não tenho mais informações, pois meu pai morreu há muito tempo e não sabia dizer muita coisa sobre sua cidade. Se voê tiver alguma informãção por favor me ajude.
Obrigada.